Por Vitor Tokoro
31-mar-2021 / 08:02
nunca é tarde. no entanto, quanto antes começarmos a nos conhecer, a nos saber indivíduos, lidar com a psique, as emoções, reações, mais proveito podemos tirar da vida, aproveitar a potência da juventude, que a tudo transforma em libido e desejo. daí pode florescer o amor, o início de uma jornada coletiva de descobertas, de experiências valiosas, de pulsão vital.
sobre meus anos repousa um jovem de idade avançando para o fim. entro no terceiro terço da minha vida, ainda não estou no meu um por cento restante como a biosfera terrestre, de acordo com lovelock, mas já sinto o ar rarefazendo.
nunca é tarde para conhecer, conhecer a mim mesmo, nos meus longos e escaldantes passeios matinais, no efeito das notícias escabrosas sobre meu emocional, na distância compulsória de tudo e de todos.
mergulho de cabeça no meu mar sem fim de incertezas, medos e angústias. não me é possível uma mão estendida, tenho que nadar com meus próprios braços, pernas, confiar no fôlego do pulmão distendido e do coração acelerado. o caminho pode ser por ali, nenhum caminho é o certo, todo caminho o é. discernir certo e errado remete a imposição moral que tolhe a liberdade de pensar, consequentemente, de agir. certo são valores pétreos, não confundamos estes com definição de certo e errado.
não há que parar de nadar, de caminhar, de respirar. a vida se vale por si só, hoje me valho do que passou, sem deixar o ontem se transformar no urso sobre as costas, sem imaginar o amanhã como um cartão postal do mar do caribe com sua areia branca e seu mar azul profundo, até porque ninguém tira foto alusiva à felicidade quando o furacão está a devastar.
(v.t.)
"cast a cold eye / on life, on death. / horseman, pass by!"
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