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A cena é antológica, Indiana Jones e a Última Cruzada, “só o homem penitente passará…o nome de Deus”. A saga do Graal, novamente apresentada no filme, tem como prova final um passo..um passo em direção a escuridão e vazio. Creio que vendo e revendo o filme, pouco percebemos da importância e magnitude da cena. Bicho…é um passo que se der merda..tu vai MORRER!!! Não tem conversa…. Entretanto, seu Pai (brilhantemente estrelado por Sean Connery) está a morrer e ele precisa de salvá-lo. A busca deixa de ser apenas objeto de vaidade e desejo, e se torna um ato de coragem para salvar aquilo que lhe é caro…seu Pai.
Em uma palestra da Amana Key, com seu fundador Oscar Motomura, ele colocou exatamente o momento da cena para mostrar a importância e o poder transformador do primeiro passo, na ocasião apontando para as decisões estratégicas e de gestão de um negócio. Existe uma sabedoria, uma realidade, segundo o Sr. Motomura, que nos é completamete ignorada, e que apenas começa a fazer sentido em um passo no escuro. Como entrar em uma sala de tesouro, só que você não sabe que é uma sala do tesouro. Poderia ser o contrário também, não? Um abismo como no caso do filme, em que a morte é certa!
Passando, um pouco pelo conceito de Heisenberg na física quântica, Princípio da Incerteza, vemos uma aplicação do “passo no escuro”. O elétron (aquela suposta bolinha que fica girando entorno do núcleo do átomo) apenas segue o seu curso determinado quando o observador resolve dar esse sentido a ela…quando dá um passo rumo ao universo das infinitas possibilidades (ondas estatísticas), rumo a escuridão é que o elétron ganha sentido (maior detalhes em http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_incerteza_de_Heisenberg).
Onde isso tem uma influência direta na minha vida? Os neurolinguístas tão famosos com seus livros de auto ajuda, chamam de “sair da zona de conforto”. Portanto, toda vez que nós optamos por comer o mesmo prato no restaurante, o mesmo caminho para ir ao trabalho, a mesma bebida, os mesmos livros, os mesmos argumentos…estamos recuando onde o Indiana Jones deu um passo adiante! O Passo de Fé! Na nossa frivolidade, nosso universo se limita, se restringe, comprime uma porção da personalidade ao ponto de a mesma se rebelar…atirar no nosso Pai, para ver se assim conseguimos sair da zona de conforto, pular no abismo em busca do Graal. Possui vários nomes essa rebelião, em nossas vidas são as separações, a demissão de um emprego que tanto gostamos, a perda de um ente querido, etc…Na sociedade do medo, optamos por não ficar com o tesouro, o Graal.
Carl G. Jung, pai da Psicologia Análitica, discipulo de S. Freud, em seu livro “Psicologia e Alquimia” (Obras Completas V. XII pag. 157) descreve um aspecto do desconhecido, que conhecemos como incosciente e de sua relação com a realidade, consequentemente com a decisão de se tomar ou não um passo:
“No processo somos mordidos por animais (N.A.: ele está descrevendo o sonho de um paciente em análise); isto significa, que devemos expor-nos aos impulsos animais do incosciente, sem que nos identifiquemos com eles e sem deles “fugirmos”, uma vez que a fuga do inconsciente tornará ilusória a meta do processo (N.A.: a busca pelo Graal). É preciso perserverar; no caso em questão, o processo iniciado pela auto-observação (N.A.: o passo de fé) deve ser vivido em todas as suas peripécias, para depois incorpora-se à consciência através da melhor compreensão possível. Naturalmente, isto provoca muitas vezes uma tensão quase insuportável, devido à falta de proporção entre a vida consciente (realidade) e a incomensurabilidade do processo incosciente (vazio, escuridão), o qual só pode ser vivenciado no mais íntimo da alma, sem tocar em ponto algum a superfície visível da vida. O princípio da vida consciente é: “Nihil est in intellectu, quod non antea fuerit in sensu” (Nada há no entendimento que antes não tivesse existido nos sentidos, literalmente: no sentido). O princípio do incosciente, porém, é a autonomia da própria psique, a qual no jogo de suas imagens não reflete o mundo, mais a si mesma. Não obstante utiliza as possibilidades representativas fornecidas pelo mundo dos sentidos, a fim de tornar claras assuas imagens.”
Convido a todos a darmos as boas vindas ao desconhecido, não quando ele nos é apresentado, mas irmos em direção a ele, como heróis míticos, afim de nos depararmos com a sala do Tesouro ou o abismo…e porque não o abismo?
>Eu estava lá nesse dia… hehehe! A palestra foi maravilhosa com um povo egravatado ouvindo o Motomura falar sobre a 4ª dimensão, que ele dizia que era o pensamento e sobre a importância de mapear a genialidade onde quer que ela estivesse (num vídeo entrevistava agricultores no sertão e outros) para descobrir um caminho viável para o mundo novo. Os desafios do Indi falam de três virtudes (elementos) cardeais para iniciarmos algo verdadeiramente NOVO! Humildade, conhecimento e coragem. Grande abraço!